“Se não é pelo amor, é pela dor.”

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Quantas vezes ouvi esse ditado, sem ao menos dar a devida importância para a veracidade dele!

Em maio de 2.016, após idas e vindas, 9 meses realizando diversos tipos de exames, fui diagnosticado com “câncer!” Esse momento representou um divisor de águas na minha vida.

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Não estava preparado! Quem estaria? Minha primeira reação foi o choro. Em seguida veio a negação. Devido às fortes dores, estava há 2 meses sem andar direito. Saí do consultório me arrastando! Mesmo com apoio, andar alguns passos era um gesto que consumia minhas energias. Tinha fortes dores abdominais e dificuldades para respirar! 

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Ao chegar na rua, comentei com minha esposa: - Vou pensar se faço ou não quimioterapia!

Fiz uma maratona de exames naquela semana. Uma profissional chegou a dizer que não era câncer. Entrei em parafusos!

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Nesse meio tempo, um Oncologista chegou a descartar a hipótese de ser “Mieloma Múltiplo.” Segundo esse especialista, o Mieloma Múltiplo só acometia pessoas à partir dos “60 anos!”

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No dia 7 de julho fiz o Mielograma e outra bateria de exames. Os resultados completos deviam sair em 45 dias! Como o médico sabia que minha situação era grave, na mesma noite ele telefonou dizendo que havia antecipado o resultado de alguns exames e que deveria procurar urgentemente um Hematologista. Estava confirmado: 80% das células analisadas estavam “contaminadas!” Contrariando o que o Oncologista havia falado 5 meses antes, o diagnóstico foi esse: Mieloma Múltiplo.

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O Mieloma Múltiplo é um tipo de câncer na medula óssea, porém afeta os ossos. Infelizmente, os exames de sangue que são realizados no Brasil não detectam a doença, o que leva muitas pessoas a chegar ao diagnóstico muito tarde. Na época eu estava com 2 fraturas na coluna e 1 fratura na costela.

Não, não é verdade o que o Oncologista havia falado! O Mieloma Múltiplo afeta pessoas abaixo dos 60 anos. Na época que fui diagnosticado tinha 44 anos! Aconselho a todos: na dúvida, procurem uma segunda opinião médica.

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Segundo a medicina tradicional, esse câncer não tem cura.

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Em agosto de 2.016, cercado de dúvidas e ansiedade, dei início ao primeiro ciclo de quimioterapia. Verdade seja dita, foi mais simples do que eu pensava. O que mais me incomodava no princípio eram os comprimidos para evitar enjoo. Tive muita coceira e vermelhidão na pele,  que foram amenizadas com o uso de protetor solar. Surgiram também algumas manchas e pequenos caroços que não chegavam a incomodar no dia-a-dia.

Um mês depois sofri uma grande decepção: fim do meu casamento!

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Foi como se tivesse chegado ao fundo do poço! Pensei em desistir de tudo!

Voltar a morar com meus parentes foi uma experiência difícil!

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Muitos não entendiam meu comportamento! Outros não aceitavam, mesmo diante das minhas explicações! Eu mesmo não entendia certas coisas que estava passando. Insônia, irritação profunda, visões, alucinações...A ficha não tinha caído: a maior parte desse comportamento se devia ao fato das medicações que vinha tomando, não só da quimioterapia, mas dos antidepressivos que passei a tomar após a separação.

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Uma coisa que tenho como certa é que Deus nunca nos abandona. Ele usa os seus “anjos” na terra para nos confortar. Certo dia, acabei me intrometendo numa conversa entre 2 pessoas que sequer conhecia! Lembro como se fosse hoje. Um deles me falou: “Não estou falando de religião, mas se você tiver fé, com Deus tudo é possível!” Essas palavras soaram como um verdadeiro bálsamo. Foi a primeira vez que passei a enxergar a possibilidade de um milagre.

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O tempo foi passando... por intermédio de um amigo soube como seria os procedimentos caso viesse a fazer o transplante de medula: 40 dias internado no hospital + 70 dias de repouso em casa. Minha casa não reunia as condições adequadas para receber um paciente recém transplantado. Devido aos problemas que foram gerados na época da minha separação, não me sentia à vontade para ficar de repouso em casa de parentes. Foi aí que me veio à mente as palavras motivadoras daquele senhor e resolvi fazer um propósito com Deus: “alcançar a cura”!

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Eu acredito na medicina psicossomática, ou seja, que por trás de toda doença existe uma causa emocional. Sabia que precisava perdoar meu pai pelo abandono (ele foi embora quando eu tinha 1 ano de idade). Precisava me perdoar e me aceitar, enfim, precisava me amar incondicionalmente.

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Resumindo: - Meu Hematologista me encaminhou para fazer os exames necessários para dar andamento ao processo de transplante de medula. Ele foi bem claro: o transplante faria com que eu tivesse “10 anos de vida normal”, sem quimioterapia, sem novas fraturas nos ossos, sem dores... e, caso tivesse recaída, poderia fazer outro transplante.

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Foi aí que pensei: - Chegou a hora de provar a minha fé!

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Confesso que não soube lidar bem com a ansiedade... queria ver logo o resultado dos exames. O fato é que ao abrir o envelope e ver os resultados ( não esperei passar pelo médico!!!)...todos os exames deram negativo! Milagre? Providência Divina? Não importa o nome... ali foi o início de Uma Nova Vida!

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*Esse foi apenas um resumo da minha história. Estou escrevendo um livro contando esse e outros fatos da minha vida. É meu profundo desejo que todos que estiverem lendo esse texto possam um dia ler o meu livro. Quando será editado? Não sei... só tenho certeza que servirá de inspiração para muitas pessoas.

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O que eu aprendi com o Câncer?

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O que no início parecia uma maldição, com o tempo tornou-se uma bênção!

Hoje eu sinto como se fosse uma nova pessoa!

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Aprendi a me amar, me valorizar como pessoa. Aprendi a perdoar, a entender melhor as pessoas. Aprendi a enxergar com outros olhos meus erros do passado. Aprendi a valorizar a vida em todos os sentidos. Aprendi o valor das coisas que muitas vezes nos parece simples:

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“A gentileza, a gratidão, o poder de um abraço... de um bom dia... um sorriso sincero... saber ouvir e calar... “

Aprendi que é possível conviver com os erros do passado e escrever uma nova história.